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Interpretando os fatores motivacionais

Diogo Matheus Diogo Matheus Seguir 02/03/2015 · 4 minutos de leitura
Interpretando os fatores motivacionais
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Ao debater com alguns amigos sobre a motivação de equipes, notei que havia interpretações distintas a respeito do que realmente significa motivar colaboradores. Alguns entendiam que a motivação envolve qualquer coisa capaz de impulsionar uma ação, independentemente de ser influência positiva ou negativa. Enquanto isso, outros defendiam que a motivação só se dá por meio de influências positivas. Neste texto, apresentarei minha interpretação sobre esse debate, sem a pretensão de afirmar que seja uma verdade absoluta.

Confira algumas definições de termos:

Termo Definição
Motivação Motivação é um construto, algo não observável, impulso interno, seja este um anseio, desejo, vontade ou esforço, desencadeado pelo direcionamento do pensamento, da atenção, da ação a um objetivo visto pelo indivíduo como positivo, que pode ser engatilhado tanto internamente quanto externamente.
Desmotivação Desmotivação é normalmente engatilhada por fatores externos, como executar uma ação mesmo sem identificar benefícios ou não obter determinado resultado esperado. Um profissional desmotivado tende a direcionar sua energia para o lado negativo de tudo que vê, pois não consegue encontrar pontos positivos.
Caos criativo Ambiente onde as metas definidas se aproximam ao limite do caos, porém todos os colaboradores conseguem visualizar que essas metas são possíveis de serem realizadas e seus benefícios.
Caos destrutivo Ambiente onde as metas definidas são visivelmente inatingíveis para os colaboradores, neste caso o recomendado é dividir essas metas em pequenos ciclos, como nas metodologias ágeis, criando pequenos ciclos de caos criativo controlado.
Influência Ação ou efeito de influir, que uma pessoa exerce sobre algo ou alguém, podendo ou não alterar sua capacidade de agir.

O que gera motivação nos colaboradores?

Na maioria dos projetos de longo prazo uma das características mais importantes para o seu sucesso é a persistência de seus colaboradores, seja na execução das atividades planejadas ou resolução de possíveis problemas. Para uma organização global apenas um resultado de qualidade não é o bastante, os talentos internos precisam continuar inovando, criando uma rotina para inovação. Em sua obra “Inovação como rotina”, Miller e Wedell (2013), apresentam algumas dicas de como motivar colaboradores visando persistir na criação de resultados, confira os dois tipos de motivação segundo Miller e Wedell.

Tipo Definição
Intrínseca Motivação intrínseca é quando você gosta de uma atividade pelo que ela é, comer bem ou socializar com os amigos, assim como qualquer atividade profissional que promova prazer.
Extrínseca Motivação extrínseca é quando você gosta da atividade mas a realiza para obter alguma outra coisa, como dinheiro ou promoção.

Um líder ou gerente de projetos não pode exigir motivação, mas pode influenciar positivamente no ambiente e seus colaboradores, detalhando os objetivos do projeto para melhor compreensão, resultando em uma visão detalhada dos benefícios envolvidos no empreendimento, o que pode gerar motivação intrínseca, mas no cenário corporativo é preciso empatia para identificar quais são os reais interesses dos colaboradores, as vezes o momento será de reavaliar o salário ou alinhar uma possível promoção, seja realista e não prometa promoções, ninguém sabe o dia de amanhã, tudo pode estar bem encaminhado mas uma crise no projeto pode impedir que uma promoção ocorra, o que seria muito mais perigoso do que ser realista sobre os fatos, pois iria resultar em desmotivação ou até mesmo no pedido de demissão por parte do colaborador insatisfeito. O ideal nesse cenário é ficar atento para equilibrar esses fatores, ninguém gosta de trabalhar apenas pelo salário sem identificar um objetivo na atividade, assim como não adianta ter um objetivo se o salário está incompatível com o oferecido no mercado.

Motivação também está relacionado com autodisciplina, que costuma gerar uma direção de rotina, se essa rotina estiver bem definida e sustentável logo para os demais irá refletir como motivação, organização e resultados positivos.

Análise de cenários negativos

Assalto

Imagine um cenário no qual um assaltante está influenciando negativamente uma determinada pessoa através de ameaças, para que entregue seu dinheiro. O resultado desse cenário normalmente é o dinheiro ser entregue, uma ação, mas de alguma forma podemos considerar o assaltado como motivado para entregar seu dinheiro? Acredito que não, apesar de que podemos dizer que este foi influenciado para executar essa ação e sentiu-se desmotivado pois não identificou nenhum benefício.

Ameaça de demissão

O mesmo se aplica para um cenário no qual determinado líder ou gerente de projetos ameaça seus colaboradores através de possíveis demissões, redução de benefícios, etc. Esses ambientes são definidos como caos destrutivo, onde resultados imediatos podem ser obtidos, mas seu reflexo é apresentado em médio e longo prazo, através da perda de colaboradores e desmotivação da equipe em futuros projetos.

Reflexão

Motivação é mais do que um resultado imediato de uma ação, podendo ser analisada apenas em médio e longo prazo, onde sua interpretação pode variar de acordo com o ponto de vista, um líder ou gerente de projetos pode acreditar que sua ameaça de demissão, influência negativa, está motivando melhores resultados no projeto, mas na verdade está apenas influenciando nestes resultados temporariamente, seu impacto é desmotivador para os colaboradores, gerando um cenário de caos destrutivo e mesmo que salve os resultados de um determinado projeto pode prejudicar futuros resultados da empresa. Minha opinião sobre este debate é de que motivação gera resultados positivos para ambos os lados, tanto para empresa quanto para o colaborador, sendo essa originada somente pela influência de fatores positivos de acordo com cada indivíduo.

Qual é sua interpretação sobre motivação de equipes? Você prefere salvar um projeto custe o que custar ou motivar seus talentos internos em um ambiente sustentável?

Referência(s)

  • MILLER, Paddy; WEDELL, Thomas. Inovação como rotina. M.Books, 2013.